sexta-feira, 13 de julho de 2007
Refúgio
Chamo-te, devagarinho, cuidadosamente
Vem aninhar-te no meu canto,
humedecer de lágrimas secas a pele branca do meu tapete
Vem usar-te do meu corpo,
fazer da minha pele o teu lençol:
protector de sonhos, recanto de bocejos
água limpa refrescada pela brisa matinal
vem sentir a minha mão apaziguar o teu cabelo revolto,
deixa-me admirar a felicidade dos teus olhos tristes,
o alvorecer do teu sorriso crepuscular
e num sonho acordar
uma jovem frescura sentir...
o teu olhar brilha nos meus olhos,
o teu cabelo adormecido nos meus ombros,
o teu coração bate dentro do meu peito,
mole, desidratado, triste compasso fatigado
os planos mamilos enchem-se em seios erectos
o teu doce colo no meu ventre lascivo
A tua alma refugiou-se no meu corpo
O teu corpo na minha alma se deitou
E adormecido no teu corpo
o meu corpo morreu.
posted by sónia at 10:21
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algumas linhas de leitura para uma melhor compreensão do poema: o sujeito poético é masculino e ocorre uma transfiguração que eu gostava que fossem vocês a descobrir.
beijos a todos e espero que gostem!
sónia
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...refúgio...segredos...há sempre essa aurea nas tuas palavras...e são profundas e sentidas...um abraço
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Eu gostei muito, muito mesmo, lindo... Parabéns.
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Sónia, eu gostei muito, só posso lhe dizer parabéns
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um doce refúgio, onde apetece permanecer eternamente.
parabéns, miga!
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Por vezes sentimos vontade, ou mesmo necessidade de um refúgio, onde o conforto e a protecção estão sempre presentes. Amei!
beijinhos e continua assim!
Lúcia
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como se esfumou a fragilidade aparente desse papel.
no preciso momento em que foi dotado da musculada vontade das palavras!
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Olá
Parece-me que o sujeito masculino se transfigurou. Por outras palavras ou melhor dizendo...o sujeito poético se travestiu num corpo feminino.
Olha...gostei.
**beijo**
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Obrigada por desvendares a chave do poema john!
beijos
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gostei muito deste textto:)
belissimo refugio nos mostras...
adoro ler-te
beijaooooooooooooooooooooo
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'Chamar alguém'.
O facto de chamarmos não significa que respondam. Quantas vezes chamamos, chamamos e nem sequer o eco nos responde.
Fica bem.
E a felicidade por aí.
Manuel
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Impressionante Sonia
Li este teu texto com o tema Good Enough dos Evanescence, e acredita que me arrepiei com as tuas palavras, como que desenhadas aqui.
Se o teu corpo vive outro corpo, se se fundem na perfeição, então que morram ambos para que um renasça, e sejam um só.
Linda ideia
Amei
Beijos daqui
Ge
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Linda prospecção nos deixaste, ficando sem saber como comentar tal poema, lindo como sempre uma alma carinhosa deixando o seu perfume, a sua alma em cada parte que escreve... Deixaste um pouco de ti, eu guardei junto do meu coração para te ter ao pé de mim. Bjs
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